dezembro 13, 2014

Não vejo mais literatura no metrô. E certamente não há poesia no escritório de um prédio velho da Paulista. Alguns podem dizer que a arquitetura do edifício é isso ou aquilo – inspirada num fulano japonês. Mas, para mim, é um prédio velho. E que mal há nisso?

Meu caminho é igual todos os dias. Sempre vejo a mesma estrofe de Fernando Pessoa na parede do Metrô, os mesmos bancos verdes com ranhuras, a mesma catraca, que agora é uma porta de vidro transparente e futurista, a mesma calçada cinza e sem graça, a mesma ascensorista que, ao molde dos anos 80, ouve Cindy Lauper num radinho,  os mesmos colegas, o mesmo som do teclado, as mesmas risadas, os mesmos bigodes, carecas, cabelos alisados...

E, mesmo assim, acho bom.  

Até Vinícius, que é vinícius, rejeitou um passarinho.

Então, agora declaro: quero andar de metrô e subir de elevador e teclar no computador e distribuir sorrisos e cumprimentos educados.


E não venham meter o nariz na minha janela.

Nenhum comentário: