abril 27, 2003

Acabou!!
Atenção: risco para mulheres grávidas. Causa graves defeitos na face, nas orelhas, no coração e no sistema nervoso do feto.

Isto está escrito em letras garrafais na caixa do remédio que tomei nos últimos seis meses. Assustador, não? Mas não é só:

- Tive que assinar um termo prometendo não engravidar
- Não pude usar lentes de contato
- Meus lábios ficavam ressecados e rachados fizesse frio ou calor
- Eu tinha que fazer exame de sangue uma vez por mês
- E o pior: fui proibida de beber!!

Cumpri todas estas exigências, com exceção de uma. Não consegui me abster totalmente do álcool, apesar de ter diminuido bastante a quantidade. Não que eu seja alcóolatra, mas nem uma cervejinha de vez em quando?!

Se você esteve comigo nos últimos meses, não precisa se desesperar. Não tive nenhuma doença grave e supercontagiosa. Tudo isso foi para me livrar daquelas bolinhas vermelhas insuportáveis que insistiam em brotar no meu rosto desde que eu tinha uns 12 anos.

Aparentemente, o sacrifício valeu a pena. As espinhas sumiram, pelo menos por enquanto. Redescobri algumas alegrias, como usar lentes, por exemplo. Anteontem, saí sem óculos pela primeira vez em muito tempo. Nossa, como eu fico bem sem aquela tralha!!

Agora, pretendo retomar a minha vida boêmia. E torço para as bolinhas não voltarem. Se voltarem, sinto muito. Não tomo Roacutan nunca mais!!!

abril 25, 2003

Incompreensão
Foi a Cristina quem me avisou do artigo do Veríssimo em que ele reclamava por ter sido acusado de anti-semita. Li o texto hoje. Não sei quem nem por que fizeram a acusação, mas certamente cometeram uma injustiça.

Acredito que tenha sido por conta do artigo que citei no último post. Veríssimo escreveu um elogio à tolerância, mas fez críticas à política de Sharon. Ora bolas, se isso fosse anti-semitismo, eu seria anti-semita (para quem não sabe, sou judia), assim como toda a oposição israelense.

O caso me lembra o texto totalmente irônico, do mesmo Veríssimo, sobre o Lula e o Romanée-Conti, publicado no Globo, no ano passado. Dezenas de pessoas não perceberam que se tratava de uma ironia e escreveram ao jornal criticando o colunista, quando, na verdade, concordavam com ele.

O fato é que muita gente tem dificuldade para entender o que lê.

Vi dois outros exemplos disso esta semana. Zuenir Ventura (que, por acaso, é judeu) escreveu no No Mínimo que foi acusado de preconceituoso por escrever ironias sobre bahianos. Fez uma coluna inteira explicando que gosta da Bahia e dos bahianos e que, por exemplo, adora piada de judeus, desde que não agressivas.

Arthur Dapieve também escreveu em sua coluna hoje, no Globo, que já foi chamado de fascista a comunista por leitores que mal-interpretaram seus textos.

Na minha opinião, os três colunistas - Veríssimo, Zuenir e Dapieve - são exemplos de tolerência. Ainda assim, são chamados de preconceituosos. Difícil entender.

abril 15, 2003

Inteligência americana
Luis Fernando Veríssimo escreveu no penúltimo domingo, em sua coluna no Globo, que "faz tão pouco sentido ser antiamericano quanto ser anti-semita". Ou seja, os americanos não são todos iguais e uma generalização como "não gostar de americanos" é puro preconceito.

Melhor exemplo disso - se é que precisamos de exemplo - é Michael Moore. O cara é americano e é pacifista e é contra a política de Bush. Algumas de suas idéias estão neste artigo traduzido pelo Globo.

Para quem não sabe, Moore é o diretor de Tiros em Columbine, eleito, merecidamente, o melhor documentário no Oscar deste ano.

O filme disseca as causas da excessiva violência da sociedade norte-americana. O título vem do massacre que dois adolescentes promoveram na Columbine High School, atirando em colegas e professores, e depois se matando. O documentário não se limita a este episódio, mas ele é usado como exemplo da carga de violência dos EUA. Em inglês, o filme se chama "Jogando boliche por Columbine". Micheal Moore explica por quê.

Depois do massacre em Columbine, os experts começaram a dizer que as causas seriam as mesmas sempre levantadas quando acontece um episódio parecido: rocks malígnos (no caso, Marilyn Manson), video games violentos e pais omissos. Meu ponto de vista é que isso faz tão pouco sentido quanto culpar o boliche. Afinal, Eric e Dylan jogavam boliche. Seria esta a causa de seus terríveis atos? Se eles jogaram boliche de manhã, o jogo não atiçou sua vontade de cometer assassinatos em massa? Se não jogaram, será que isso não alterou seu humor e os levou ao massacre? Enfim, nada disso faz sentido, como também não faz sentido culpar Marilyn Manson.

No filme, Moore mostra que as causas vão muito além das explicações de sempre. Uma comparação com o Canadá - que tem tantas armas quanto os EUA, mas muito menos crimes - é a chave para entender a fonte da violência no país: o medo. Medo dos negros, medo do comunismo, medo do terrorismo. Medo que, muitas vezes, tem pouca base na realidade, mas que as autoridades procuram incutir nos norte-americanos.

Difícil esquecer o discurso de Moore quando ganhou o Oscar:

Gostamos de não-ficção porque vivemos em tempos fictícios. Vivemos num tempo no qual os resultados fictícios de uma eleição nos deram um presidente fictício. Estamos agora fazendo uma guerra por motivos fictícios. Mesmo que seja a ficção das fitas adesivas (para selar janelas) ou os ‘alertas laranjas’ fictícios, somos contra essa guerra, senhor Bush. Tenha vergonha, senhor Bush, tenha vergonha.

Sim, Micheal Moore é americano. E, sim, fez este discurso nos Estados Unidos.

P.S. Não deixe de ler o artigo que ele escreveu sobre as repercussões do discurso.

abril 06, 2003

Saddam e eu
Tinha 18 anos quando vi Saddam pela primeira e última vez. Estava na sala de meu apartamento e, de repente, ouvi rugidos e gritos desesperados. Era o início do massacre.

Curiosa, corri até a varanda, seguida pelo meu irmão. Lá embaixo, uma menina desconcertada corria pela rua e tentava subir em uma caminhonete estacionada. Sangue jorrava pelo chão. O monstro não diferenciava homens, crianças ou mulheres. Atacava a todos que se aproximavam.

Um carro passou então pela rua pouco movimentada do Bairro Peixoto. O motorista parou e abriu a janela, numa tentativa de ajudar. Logo se arrependeu. Saddam se esqueceu da menina e tentou agarrar o motorista, que fechou a janela a tempo de evitar uma tragédia.

De um dos apartamentos do prédio em frente, alguém gritou:

-Atropela! Mata!

Outro morador respondeu, berrando:

-Que absurdo! É um só um cachorro!

Com aquela confusão, eu e meu irmão levamos um susto quando a campainha tocou. Era a vizinha do segundo andar, com o filho no colo.

-Estou com medo, sozinha em casa. Posso ficar aqui?

-Claro!
, respondemos a caminho da varanda.

-Vocês viram o nome do cão? É Satã!! Só podia dar nisso mesmo! Sangue de Jesus tem poder!!! Sangue de Jesus tem poder!!!

Soubemos mais tarde, pelo Jornal Nacional, que o Pit Bull se chamava Saddam. Descobrimos também que o Chico, porteiro gente boa do nosso prédio, tinha segurado as pernas do cachorro através das grades edifício, permitindo que a menina em cima da caminhonete fugisse.

Chico deu uma entrevista de 10 segundos para o JN e virou o herói da rua.

Saddam ainda hoje é lembrado, no programa Casseta e Planeta, como o cachorro de Maçaranduba. Dizem até que o presidente do Iraque recebeu seu nome em homenagem ao Pit Bull do Bairro Peixoto.

Jamais será esquecido.

abril 01, 2003

Ignorância
Como coloco acentos ou símbolos nos meus links?