X - A Questão
A professora tinha uma letra bonita. Quando crescesse queria ter uma letra igual a dela. A que mais gostava era o X.
O X era engraçado, mas, ao mesmo tempo, despertava nela uma profunda compaixão. "Coitadinho do X", pensava, sentida.
Afinal, o X era relegado a alguma palavras pouco usadas. Às vezes, era mesmo renegado. Quem escreve xampu com X?, perguntou-se certa vez.
Outro questionamento que sempre se fazia era: quem inventou o CH? Sujeito muito burro ou muito cruel. Se já existe uma letra com som de X - o próprio, por acaso - para que juntar duas letras que criam o mesmo som? Nada prático.
Queria perguntar essas perguntas para a professora, mas ficava envergonhada. Olhava para o quadro e ficava a admirar a letra da professora. Queria que ela escrevesse uma palavra com X.
Mas isso nunca acontecia...
março 31, 2007
março 17, 2007
Terça-feia
Terça-feira era um dia triste para ela. Terça feia!, sempre pensava. Para segunda-feira, preparava-se psicologicamente, mas terça era a confirmação de que a semana começara com toda força.
Deitada em sua cama, ao lado do despertador histérico, sonhava com aquele samba: "eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã". Não sabia se preguiçosa ou se covarde, mas terrível era acordar terça-feira de manhã cedo.
Se cinzento o céu, então!, aí não havia como! Puxava o cobertor fofo e quentinho, enfiava a cabeça no travesseiro e... nem pensava no trabalho. Depois, depois.
"Patrão, o trem atrasou, por isso estou chegando agora. Trago aqui o memorando da Central. O trem atrasou meia hora. O senhor não tem razão para me mandar embora", diria.
Melhor era o mundo do sonho! Melhor era curtir um sambinha! Melhor era não precisar acordar na hora certo!
Ao menos, nas terças-feiras...
"Sonho meu!", suspirou. E levantou, sacudindo a poeira.
Terça-feira era um dia triste para ela. Terça feia!, sempre pensava. Para segunda-feira, preparava-se psicologicamente, mas terça era a confirmação de que a semana começara com toda força.
Deitada em sua cama, ao lado do despertador histérico, sonhava com aquele samba: "eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã". Não sabia se preguiçosa ou se covarde, mas terrível era acordar terça-feira de manhã cedo.
Se cinzento o céu, então!, aí não havia como! Puxava o cobertor fofo e quentinho, enfiava a cabeça no travesseiro e... nem pensava no trabalho. Depois, depois.
"Patrão, o trem atrasou, por isso estou chegando agora. Trago aqui o memorando da Central. O trem atrasou meia hora. O senhor não tem razão para me mandar embora", diria.
Melhor era o mundo do sonho! Melhor era curtir um sambinha! Melhor era não precisar acordar na hora certo!
Ao menos, nas terças-feiras...
"Sonho meu!", suspirou. E levantou, sacudindo a poeira.
março 04, 2007
Seria uma vez...
Quando era criança, eu teria uma casa muito linda. Branquinha e de telhado vermelho como nos sonhos clássicos. Uma rede balançaria na varanda. Eu seria independente. Trabalharia no que eu gostava. Teria um marido lindo, carinhoso e compreensivo. No futuro, teria um casal de filhos. Numas longas férias, eu moraria com toda família num barco confortável e conheceria o mundo todo. Faria muitos amigos e falaria, pelo menos, cinco idiomas. Quando eu era criança, eu seria assim.
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Quando era criança, eu teria uma casa muito linda. Branquinha e de telhado vermelho como nos sonhos clássicos. Uma rede balançaria na varanda. Eu seria independente. Trabalharia no que eu gostava. Teria um marido lindo, carinhoso e compreensivo. No futuro, teria um casal de filhos. Numas longas férias, eu moraria com toda família num barco confortável e conheceria o mundo todo. Faria muitos amigos e falaria, pelo menos, cinco idiomas. Quando eu era criança, eu seria assim.
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