fevereiro 27, 2003

Pessoa
Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.
Verso
Não sei se vocês sabem, mas tirei o verso aí ao lado (e o nome do blog) de uma poesia que eu adoro. Não sei o nome da poesia, mas o autor é um tal Ricardo Reis. :)

fevereiro 21, 2003

Quem te viu e quem te vê

Ex-professor de colégio militar é "pai" da ioga no Brasil
da Folha de S.Paulo


O professor José Hermógenes, 80 anos, tido como o precursor da ioga no Brasil, reconhece que há um novo boom da ioga em todo o mundo e resume a situação com irônico bom humor: "Depois que Madonna disse que é bom, tudo vai bem".

Autodidata, citado como uma referência por professores de todas as gerações (...) é ex-professor de história, geografia e filosofia no Colégio Militar do Rio de Janeiro e autor de livros didáticos.
Comovente
Olha isso:
Tiradentes morreu como um santo mártir, sem ressentimento, perdoando e amando a Deus. (...) Seu exemplo de cristianismo e coragem inspirará eternamente os brasileiros.
Inversão
Para o Professor José Hermógenes do Colégio Militar, a Inconfidência Mineira teve o abnegado propósito de difundir os ideais liberalistas. Nada teve a ver com impostos...

Sabiam os conspiradores que, se apenas falassem de liberalismo, o povo inculto, não entendendo o que aquilo significava, não seria capaz de revoltar-se contra o governo, mas, se verberrassem a 'derrama', conseguiriam facilmente a revolta geral.
Vamos ao que interessa
O Professor José Hermógenes do Colégio Militar não poupa adjetivos e comentários sobre seus personagens.

Ao contar a história de Vasco da Gama, o autor explica que dos 168 tripulantes apenas 55 regressaram a Portugal porque muitos foram varados por lanças selvagens ou punhais de pérfidos mouros.

Pérfidos mouros?!
Estilo
O autor trata os portugueses como heróis, os índios como selvagens. Para se ter uma idéia da figura, olha o que ele escreveu na introdução:

A linguagem não é a de um livrinho comum. Nem pobre nem demasiado complicada. Se fosse complicada, você se perderia na leitura; se fosse vulgar, que lucraria você com isso? Será um livro mais agradável só pelo fato de ser escrito em estilo enfadonho, repetido, de ritmo arrastado e sem vida? Não creio que você encontre prazer na vulgaridade.
História Oficial
Vasculhando os livros do meu pai, encontrei uma obra, no mínimo, curiosa. Sempre ouvi falar que a história oficial ensinada no Brasil era carregada de preconceitos e meias verdades. Isso nunca esteve tão claro para mim quanto no livro "Iniciação à nossa história". Pelo que entendi, foi escrito para jovens do ginásio, na década de 50.

O autor é o Professor José Hermógenes do Colégio Militar (está assim na capa, com o complemento). A apresentação é de Cid Silveira Pacheco, Ten. Cel. Prof. (imagino que isso signifique Tenente Coronel Professor).

fevereiro 18, 2003

Dúvida cruel
Ainda não decidi de gosto de brincar de blog...
Notável
Acho que consegui completar a incrível façanha de colocar um link para comentários neste blog!!
Pode me dar parabéns! :)

fevereiro 17, 2003

Úteis e belas
Adoro as expressões "de modo que" ou "de maneira que". Não costumo usá-las, por falta de hábito. Para falar a verdade só prestei mais atenção nelas há algumas semanas. Assistindo a uma entrevista na TV (nem lembro qual), vi alguém que admiro usar uma das expressões. De repente, percebi o quanto elas são úteis e belas.

Se você observar, vai perceber que são expressões geralmente usadas por pessoas mais velhas, por intelectuais das antigas. Observei e gostei, de modo que decidi usá-las com mais freqüência. :)
É uma merda, mas é muito bom
O Rio de Janeiro está um caos! Ando por Copacabana e não consigo deixar de esbarrar nas pessoas, nos camelôs, um negócio!
O lixo está em toda parte. Os prédios estão cinzas e pichados.

Quando vou à praia, às vezes dou sorte e o mar está limpo, mas a areia nunca está. As pessoas cismam em deixar espalhados garrafas, canudos, cocos, plasticos e o que mais puderem.

Outro dia li que a avenida Copacabana tem dez vezes mais ônibus do que a Quinta Avenida.

Imagina o barulho, imagina os engarrafamentos, imagina o caos.
Imaginou?

Agora, imagina que eu gosto de tudo isso!

fevereiro 16, 2003

Relatividade
Estou na casa dos meus pais. Fica no Recreio dos Bandeirantes de Niterói: Itaipu. O lugar é lindo. Muito verde, ar puro, afastado de tudo. A casa é grande, tem piscina, rede para descansar e jardim com plantas diversas.

É ótimo para passar o dia!

Mas experimenta ficar uma semana aqui...

Já dizia Tom Jobim: “É muito bom, mas é uma merda!”
Perdida
No documentário Wild Man Blues, Woody Allen diz que, quando está na Europa, gostaria de estar nos Estados Unidos, e, quando nos EUA, sonha com a Europa. Ou seja, ele nunca está satisfeito. Hoje, estou um pouco Woody Allen.

Nunca me sinto em casa. Se estou no Rio, penso que poderia estar em Itaipu com a minha família. Mas quando estou na casinha em Niterói sinto uma falta danada da minha cidade caótica e maravilhosa.