outubro 07, 2007

Solidão Paulista (de 2005)

Solidão. Como uma mulher como ela poderia se sentir tão só? Uma mulher. Uma mulher? Uma confusão. As velhas questões humanas, repetidas e repetidas e repetidas por milhares de anos, repetiam-se também em sua mente. Quem era ela? O que ela queria? Por que se sentia tão só? Por que essa melancolia não passava?

Solidão. Tentava fugir dela. estava sempre cercada de gente. Às vezes esquecia. Mas era por pouco tempo. Ela se achava especial. Pensava que não era digna daquele sentimento.

Mas os livros pela mesa, a televisão sempre ligada, o rádio como companheiro, a necessidade do som a sua volta. Sons humanos. Carecia de humanos. Queria gente por perto. Mas quando a gente estava por perto, muitas vezes preferia ficar sozinha.

Só. Com seus pensamentos. Devaneios. Questionamentos. Desrespostas.

Decidiu sair. Caminhar. A avenida Paulista estava cheia de gente. Camelôs, shoppings de contrabandos, transeuntes. Tanta gente. Mas ela queria conhecer estas pessoas? Seriam interessantes? O que elas têm a dizer por mais de cinco minutos?

Será pretenciosa, arrogante e preconceituosa? A maioria das pessoas lhe parecia tão desinteressante e ao mesmo fascinante. Um sentimento dúbio de que todos têm algo a ser explorado, desvendado, mostrado. Mas por algumas horas ou minutos. Quem ela quer conhecer profundamente?

O rapaz de gorro de lã passa ao seu lado. O que ele tem a dizer? Nunca vai saber. Talvez nunca mais o veja e, se o ver, provavelmente, não o reconhecerá.

Ligar para os amigos? Para as amigas? Para a lista de telefones do seu celular? Mas, quem são todas essas pessoas? Talvez conheça, realmente, cinco ou seis.

Do seu lado direito, o Masp. Do seu lado esquerdo, o Trianon. O vão, aquela área imensa vazia e eterna, ampliava sua solidão.

...

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou pouco a São Paulo mas toda vez que vou também sinto uma solidão inexplicável...deve ser a poluição, o monóxido de carbono deve diminuir abafar nossos neurônios assim como os nossos corações!
Beijos!