Inteligência americana
Luis Fernando Veríssimo escreveu no penúltimo domingo, em sua coluna no Globo, que "faz tão pouco sentido ser antiamericano quanto ser anti-semita". Ou seja, os americanos não são todos iguais e uma generalização como "não gostar de americanos" é puro preconceito.
Melhor exemplo disso - se é que precisamos de exemplo - é Michael Moore. O cara é americano e é pacifista e é contra a política de Bush. Algumas de suas idéias estão neste artigo traduzido pelo Globo.
Para quem não sabe, Moore é o diretor de Tiros em Columbine, eleito, merecidamente, o melhor documentário no Oscar deste ano.
O filme disseca as causas da excessiva violência da sociedade norte-americana. O título vem do massacre que dois adolescentes promoveram na Columbine High School, atirando em colegas e professores, e depois se matando. O documentário não se limita a este episódio, mas ele é usado como exemplo da carga de violência dos EUA. Em inglês, o filme se chama "Jogando boliche por Columbine". Micheal Moore explica por quê.
Depois do massacre em Columbine, os experts começaram a dizer que as causas seriam as mesmas sempre levantadas quando acontece um episódio parecido: rocks malígnos (no caso, Marilyn Manson), video games violentos e pais omissos. Meu ponto de vista é que isso faz tão pouco sentido quanto culpar o boliche. Afinal, Eric e Dylan jogavam boliche. Seria esta a causa de seus terríveis atos? Se eles jogaram boliche de manhã, o jogo não atiçou sua vontade de cometer assassinatos em massa? Se não jogaram, será que isso não alterou seu humor e os levou ao massacre? Enfim, nada disso faz sentido, como também não faz sentido culpar Marilyn Manson.
No filme, Moore mostra que as causas vão muito além das explicações de sempre. Uma comparação com o Canadá - que tem tantas armas quanto os EUA, mas muito menos crimes - é a chave para entender a fonte da violência no país: o medo. Medo dos negros, medo do comunismo, medo do terrorismo. Medo que, muitas vezes, tem pouca base na realidade, mas que as autoridades procuram incutir nos norte-americanos.
Difícil esquecer o discurso de Moore quando ganhou o Oscar:
Gostamos de não-ficção porque vivemos em tempos fictícios. Vivemos num tempo no qual os resultados fictícios de uma eleição nos deram um presidente fictício. Estamos agora fazendo uma guerra por motivos fictícios. Mesmo que seja a ficção das fitas adesivas (para selar janelas) ou os ‘alertas laranjas’ fictícios, somos contra essa guerra, senhor Bush. Tenha vergonha, senhor Bush, tenha vergonha.
Sim, Micheal Moore é americano. E, sim, fez este discurso nos Estados Unidos.
P.S. Não deixe de ler o artigo que ele escreveu sobre as repercussões do discurso.
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