dezembro 16, 2004

Cadê?
Sinto falta de escrever. Durante um ano, escrevi pelo menos um texto por dia. E agora passo semanas sem escrever nada. Foi um impacto tremendo. Perdi a agilidade que tinha e acho mesmo que metade da minha criatividade se foi. Vou tentar escrever mais por aqui, já que meu trabalho não me dá mais este prazer.

Trabalho
Gosto do que faço, mas sinto falta de escrever.

novembro 13, 2004

Para o Gabriel

Sem você
Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes

Sem você
Sem amor
É tudo sofrimento
Pois você
É o amor
Que eu sempre procurei em vão
Você é o que resiste
Ao desespero e à solidão
Nada existe
E o mundo é triste
Sem você
Meu amor, meu amor
Nunca te ausentes de mim
Para que eu viva em paz
Para que eu não sofra mais
Tanta mágoa assim
No mundo
Sem você

outubro 24, 2004

Roda-viva
Chico Buarque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)

Roda Mundo (2)

No passado, costumava reclamar que a minha vida era muito paradona.
O ano de 2004 chegou para dar um basta nisso.
Mas não precisava exagerar.
A cada mês minha vida dá uma reviravolta diferente.
Para não dizer a cada dia.

Mas não tenho saudade da calmaria.
Só tenho saudade do meu amor.

setembro 01, 2004

Momento auto-ajuda

O mundo dá voltas mesmo. Quando tudo parece dar errado, alguma coisa boa acontece.

agosto 17, 2004

Já pode chorar

Luar, espere um pouco
Que é pro meu samba poder chegar
Eu sei que o violão
Está fraco, está rouco
Mas a minha voz
Não cansou de chamar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Ninguém quer sambar
Não há mais quem cante
Nem há lugar mais lugar
O sol chegou antes
Do samba chegar
Quem passa nem liga
Já vai trabalhar
E você, minha amiga
Já pode chorar

julho 28, 2004

Lerê lerê

Retirantes
Dorival Caymmi

Vida de negro é dificil
É dificil como o quê
Vida de negro é dificil
É dificil como o quê
Eu quero morrer de noite, na tocaia a me matar
Eu quero morrer de açoite, se for negro a me deixar
Vida de negro é dificil
É dificil como o quê
Meu amor eu vou me embora, nessa terra vou morrer
Um dia não vou mais ver, nunca mais eu vou viver
Vida de negro é dificil
É dificil como o quê

julho 18, 2004

Pedaço de mim
Hoje sou só saudade. Onde estiver, aonde quer que eu vá. Meu coração mora em Israel, mora no Rio de Janeiro, mora em São Paulo. E eu me divido entre todos. E parece que nunca estou completa.
 
Um pedaço de mim sempre estará em outro lugar.

julho 12, 2004

Paz
Estou lendo "O Novo Oriente Médio", livro que Shimon Peres escreveu em 1993, auge das negociações pela paz na região.

Hoje em dia, é impressionante ver o otimismo que ele tinha naquela época. Peres chegava a falar em um grupo semelhante à Comunidade Européia no Oriente Médio.

Israel mantinha então conversações avançadas com palestinos, sírios e jordanianos. Só foi firmado um acordo com os últimos, no fim das contas.

O livro, porém, é interessantíssimo. Peres prega que apenas a paz é capaz de levar segurança à região.

Os gastos militares no Oriente Médio são enormes. Por outro lado, os percentuais dos orçamentos destinados a educação e saúde são muito menores. Há países em que 80% da população é analfabeta.

A pobreza e a desesperança são caldos de cultura para o fanatismo. "Não há solução militar para ele", diz Peres.

Para o ex-ministro, somente desenvolvimento econômico e social é capaz de minimizar o fanatismo. E isso só ocorrerá em um ambiente pacífico, que permita trocas entre as nações do Oriente Médio e traga segurança para investidores externos.

O fanatismo é o maior perigo para a humanidade, alertava Peres há mais de 10 anos.

Imagine armas nucleares nas mãos de fanáticos religiosos, dispostos a tudo para conseguir suas 70 virgens no paraíso?

julho 05, 2004

Já que a vida quis assim
Adoro esta música.
Ela tem o otimismo de que preciso.

Eu não existo sem você
Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver

Não há você sem mim
E eu não existo sem você

junho 23, 2004

Roda mundo

No fim do ano passado, escrevi neste blog que certamente 2004 seria um ano muito diferente do que passou. Pois bem, nunca imaginei o quanto eu poderia ser profética.

Não foram apenas a cidade e o ambiente de trabalho que mudaram. Minha vida, minhas perspectivas, meus sonhos não são mais os mesmos. Sou outra.

Desde que cheguei em São Paulo os acontecimentos me atropelam. Vivo um redemoinho. Não há certezas sobre nada. Só posso dizer que nestes quase cinco meses fui mais feliz. Mas, até quando?
Mestre Vinícius

Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Além do amor

Se tu queres que eu não chore mais
Diga ao tempo que não passe mais
Chora o tempo o mesmo pranto meu
Ele e eu, tanto
Que só para não te entristecer
Que fazer, canto
Canto para que te lembres
Quando eu me for

Deixa-me chorar assim
Porque eu te amo
Dói a vida
Tanto em mim
Porque eu te amo
Beija até o fim
As minhas lágrimas de dor
Porque eu te amo, além do amor!

maio 02, 2004

Rio, você foi feito pra mim?
O Rio de Janeiro continua lindo, não há dúvidas. Mas não é mais a minha casa.

Me dói um pouco fazer esta afirmativa. Na verdade, gostaria que ela não fosse verdadeira. Afinal, passei 24 anos da minha vida aqui e sempre fui apaixonada pela cidade.

É muito estranho ser visita em sua própria terra. Mais esquisito ainda é sentir-se uma turista. Tenho vontade de estar perto da praia como nunca tive antes de me mudar.

Não consigo ficar muito tempo longe do Rio. E me emociono cada vez que venho. Como a cidade é linda! Mas, agora, ela é apenas um lugar a ser visitado. Nos fins de semana.

Não conheço mais a rotina, a confusão, as guerras, o caos. Tenho olhos de turista. Vejo apenas a beleza do mar e do horizonte.

São Paulo agora é meu berço. É onde vive o meu amor. É onde tenho uma casa. É onde trabalho. É onde vou ficar.

Adeus.

abril 01, 2004

Como dizia o poeta
Toquinho - Vinicius de Moraes

Quem já passou por essa vida e não viveu,
Pode ser mais mas sabe menos do que eu.
Porque a vida só se dá pra quem se deu,
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.

Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não.

Não há mal pior do que a descrença,
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão.

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair.
Pra que somar se a gente pode dividir.
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer.

Ai de quem não rasga o coração,
Esse não vai ter perdão.
Quem nunca curtiu uma paixão,
Nunca vai ter nada, não.

fevereiro 28, 2004

Só em Sampa

Meu primeiro fim de semana em sozinha em São Paulo. Tristeza? Melancolia? Que nada. Estou achando até legal!

Não que eu goste de ficar só, mas estou aproveitando o tempo para fazer coisas que ainda não tinha feito. Por exemplo, entrar em um cyber café e escrever no meu blog.

Outra coisa: procurar cama. Sim, tenho que comprar uma cama. Várias dúvidas seríssimas. Colchão de mola ou de espuma? Cama de mandeira? Ou só um suporte? Nunca tinha imaginado que era difícil comprar uma cama.

Mais difícil do que isso mesmo é alugar um apartamento. Carpete azulão ou folhas secas? Contrato para 18 meses ou 24 meses? E multa? E o fiador? E o corretor? Quanta burocracia!!!! E quanta porcaria que eu vi!!!!

Mas, neste fim de semana, não quero pensar nisso. O objetivo agora é relaxar. Cinema, caminhadas, conhecer a cidade, procurar cama. É isso.

Ah! No próximo sábado, dia 6, tem show do Los Hermanos no Direct TV Hall. Alguém quer ir? Estão todos convidados.

janeiro 27, 2004

Desde que o samba é samba é assim
Sim, eu estou tão cansada.
Triste é viver na solidão.
Tristeza não tem fim, felicidade sim.

Há tempos não vou ao cinema.
Há tempos não leio um bom livro.
Há tempos não vivo.

Bandeira estava certo:

Desesperança
Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo.
Como dói um pesar em cada pensamento!
Ah, que penosa lassidão em cada músculo. . .

O silêncio é tão largo, é tão longo, é tão lento
Que dá medo... O ar, parado, incomoda, angustia...
Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento.

Assim deverá ser a natureza um dia,
Quando a vida acabar e, astro apagado,
Rodar sobre si mesma estéril e vazia.

O demônio sutil das neuroses enterra
A sua agulha de aço em meu crânio doído.
Ouço a morte chamar-me e esse apelo me aterra...

Minha respiração se faz como um gemido.
Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.

Por onde alongue o meu olhar de moribundo,
Tudo a meus olhos toma um doloroso aspeto:
E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.

Vejo nele a feição fria de um desafeto.
Temo a monotonia e apreendo a mudança.
Sinto que a minha vida é sem fim, sem objeto...

- Ah, como dói viver quando falta a esperança!
Cinco
Começou a contagem regressiva.