Terça-feia
Terça-feira era um dia triste para ela. Terça feia!, sempre pensava. Para segunda-feira, preparava-se psicologicamente, mas terça era a confirmação de que a semana começara com toda força.
Deitada em sua cama, ao lado do despertador histérico, sonhava com aquele samba: "eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã". Não sabia se preguiçosa ou se covarde, mas terrível era acordar terça-feira de manhã cedo.
Se cinzento o céu, então!, aí não havia como! Puxava o cobertor fofo e quentinho, enfiava a cabeça no travesseiro e... nem pensava no trabalho. Depois, depois.
"Patrão, o trem atrasou, por isso estou chegando agora. Trago aqui o memorando da Central. O trem atrasou meia hora. O senhor não tem razão para me mandar embora", diria.
Melhor era o mundo do sonho! Melhor era curtir um sambinha! Melhor era não precisar acordar na hora certo!
Ao menos, nas terças-feiras...
"Sonho meu!", suspirou. E levantou, sacudindo a poeira.
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