julho 07, 2006

Insônia

Cinco e oito. O vermelho brilhante no escuro anuncia a hora sem pudor. Hora em que meninas com pudor deveriam estar sonhando, de olhos fechados e consciência distante.

O relógio anuncia que ela não tem pudor. Cinco e oito e ela ainda não dormiu.

O vermelho brilhante é o que mais a incomoda. A luz vermelha. Não poderia ser verde ou azul? Ela se sentia acuada pelo vermelho: cinco e oito.

Tentava fechar os olhos, pensava em carneirinhos pulando uma cerca. Um carneirinho pulou a cerca. O outro bateu com o pé na madeira no instante em que pulava. Coitado. O carneiro caiu de dor!

Ela abriu os olhos. Não podia ver ninguém sofrendo. Mas ali estava o vermelho assustador: cinco e nove.

Aquela luz, ao mesmo tempo discreta e voluptuosa, a incomodava.

Ela procurava paz, o silêncio de que precisava para o descanso. Mas só sentia o barulho do vermelho. Inquietante. Ensurdecedor.

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