Insônia
Cinco e oito. O vermelho brilhante no escuro anuncia a hora sem pudor. Hora em que meninas com pudor deveriam estar sonhando, de olhos fechados e consciência distante.
O relógio anuncia que ela não tem pudor. Cinco e oito e ela ainda não dormiu.
O vermelho brilhante é o que mais a incomoda. A luz vermelha. Não poderia ser verde ou azul? Ela se sentia acuada pelo vermelho: cinco e oito.
Tentava fechar os olhos, pensava em carneirinhos pulando uma cerca. Um carneirinho pulou a cerca. O outro bateu com o pé na madeira no instante em que pulava. Coitado. O carneiro caiu de dor!
Ela abriu os olhos. Não podia ver ninguém sofrendo. Mas ali estava o vermelho assustador: cinco e nove.
Aquela luz, ao mesmo tempo discreta e voluptuosa, a incomodava.
Ela procurava paz, o silêncio de que precisava para o descanso. Mas só sentia o barulho do vermelho. Inquietante. Ensurdecedor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário